Padre, li na internet que este
ano de 2012 serão 50 anos do Concilio Vaticano II. Podes explicar melhor sobre
esse Concilio?
O
Concílio Vaticano II aconteceu entre 1962 e 1965. Foi o maior acontecimento
eclesial do século XX. Foi um longo processo de reflexão onde a Igreja olhou
para si mesma e tentou responder aos desafios da época Moderna. As reflexões e
conclusões desse Concílio mostram que a Igreja precisava mudar suas atitudes e
seu modo de ver o mundo. A partir dele a Igreja passa a viver um espírito de
solidariedade e diálogo, de maior
respeito às decisões comunitárias e confirma que
a missão é de Deus para o mundo. Confirma-se desse modo que a Igreja é
instrumento da missão, num sentido de missão vivida e testemunhada por todos.
Para
entender a grandiosidade desse evento, é interessante observar os números e
realizações acontecidas enquanto sua realização.
Em
toda história da Igreja foram 21 Concílios: 9 na antiguidade (até 869); 11 na
Idade Média (até 1545) e dois na Moderna (até hoje). Alguns teólogos dizem que
são 22, ao afirmar que a assembleia de Jerusalém para resolver problemas entre
cristãos judeus e cristãos gregos (Hb 15, 22-32) também foi um
Concílio.
Dos
participantes desse Concilio foram 2540 bispos tanto do Oriente como do
Ocidente; 90 observadores convidados, pertencentes a 29 outras Igrejas; 40
auditores leigos; 480 teólogos das diversas linhas. Ao todo, 80 tomos de atas
registraram as discussões, debates e votações.
Dezesseis
documentos foram escritos durante o Concilio. Quatro são Constituições e
expressam o núcleo fundamental da Igreja, da qual ela não pode se desviar nunca.
Nove são Decretos que ajudam a Igreja a realizar melhor a sua missão no mundo.
Três documentos são Declarações que se pautam inteiramente na Palavra de Deus e
falam de situações que afetam a sociedade e a Igreja. Num resumo de todos os
documentos produzidos, pode-se dizer que a Igreja nasce da Palavra de Deus, pela
revelação divina; vive como Povo de Deus, sendo constituída de pessoas leigas,
religiosos consagrados, presbíteros, bispos e todos os membros das Igrejas
orientais; apresenta-se ao mundo de maneira dialogante e servidora; celebra a fé
em Jesus pela liturgia e testemunho; cumpre sua missão em diversas tarefas:
missão aos povos que não conhecem Jesus, em todos os contextos de educação, nos
Meios de Comunicação, nas religiões não cristãs e na liberdade
religiosa.
O
Vaticano II também promoveu uma presença nova dos cristãos no mundo. Novas
relações dentro e fora da Igreja foram estipuladas. Houve nova consciência de
ser e de pertencer à Igreja. Novas atitudes eclesiais diante dos desafios. Nova
espiritualidade, agora mais enraizada no Evangelho e na história. Novo estilo e
novos métodos de trabalho pastoral e, finalmente, possibilidades de novas
estruturas em todas as dimensões da Igreja.
Algo
que não podemos esquecer é que o Vaticano II ainda não está completamente
concluído, pois precisamos vive-lo cada vez mais intensamente para que suas
decisões e resoluções sejam cada vez mais colocadas em prática e ele continue
atuante.
Pe.
Gelson Luiz Mikuszka, C.Ss.R
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